2005-04-08

Pouco de ti

Não me apetece estar aqui nem noutro lado qualquer porque vá onde vá todos os lugares têm pouco de ti, um sabor amargo que não é nada. E tu não estás lá, em lado nenhum. Passeias dias inteiros nos recantos da minha mente sozinho. Não admira que não te encontre em mais lado nenhum, não a ti.
Vejo-te a cada esquina e reconheco-te sempre que dou um passo, mas não és tu, no fundo tu não estás lá. Se estivesses haveria um olhar nos teus olhos e eu nunca o encontro, falta-te o rosto embora eu saiba que o tens para todos os outros. Não o vejo porém, pois nunca o tens disponível para mim, não estás lá, não porque eu não te veja, mas porque sou invisivel à luz dos teus olhos.
Quem me dera que um dia procurasses o meu olhar timida e insistentemente pousado em ti, quem me dera que os teus olhos pedissem pelos meus como os meus chamam por ti. Mas isso não! Nunca me deste o prazer de me olhares com os teus olhos (aqueles que vivem na alma). Há dias em que passas por mim e dizes “Bom dia” ou outra coisa qualquer, mas são poucos os dias porque em todos eles espero algo de ti (esse olhar!!!) e apenas em alguns me ofereces uma ou duas palavras de aconchego. E divertes-te criando em mim uma esperança inútil e uma satisfação idiota.
Mas nunca me deste o prazer de um olhar. Talvez não saibas que esse olhar é o melhor que tens para oferecer, o melhor presente de todos os presentes, porque reconhece, porque diz-me que não te sou indiferente. Quero o teu olhar mais do que qualquer palavra tua.
Talvez um dia percebas o meu olhar, este olhar tão estupidamente discreto, escondido por quem sabe disfarçar mais do que o que devia. Talvez um dia te encontre dentro do teu olhar, talvez aí encontre um sitio onde queira estar, onde me apeteça viver. Não viver só de “viver” mas Viver, porque embora me mates com a tua ausência, encontro vida em cada pedacinho que te olho.

olhos


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Finalmente um texto que saiu como eu queria. Comentem!!!

2005-04-06

Raízes do Som

Eis o que é:

"Raízes do Som: o passado revisitado.



Este projecto resultou da necessidade de reflectir sobre o nosso património cultural, nomeadamente o património da musicologia tradicional portuguesa. É um projecto inovador, na medida em que poderá proporcionar a aproximação a um género de música que importa preservar e promover e que já teve um papel preponderante num contexto mais rural.
A abordagem a este tipo de música e às práticas rituais e culturais a ela associadas, poderá contribuir para o conhecimento da cultura de transmissão oral, das raízes das tradições rurais, permitindo, por sua vez, reflectir sobre as bases da nossa identidade e património.
Através desta iniciativa procuramos demonstrar qual a situação actual da música tradicional e tirar algumas conclusões quanto à sua revitalização e às várias formas e funções que foi conquistando nas sociedades contemporâneas.

Pretendemos através das várias actividades, como os workshops, seminários, exposições, projecções de filmes documentários, concertos e animações de rua, criar um novo espaço para a música tradicional, permitindo, por um lado, a sua integração na sociedade actual e por outro, a possibilidade do seu ressurgimento e revitalização.
Esta iniciativa reúne, num só encontro, espectáculos de música, exposições sobre instrumentos tradicionais, seminários onde se abordará a problemática da possível integração das tradições nas sociedades contemporâneas e será um espaço de encontro entre músicos profissionais e tocadores, para os quais a música tradicional fez parte integrante da sua vida.

Queremos trazer a Évora, sons de outros lugares, que irão emprestar ao encontro uma dimensão nacional e internacional. As várias actividades serão realizadas na nossa cidade, mas não servirão apenas a população local, na medida em que os participantes, músicos, formadores, conferencistas e animadores, e o público em geral virão também de várias zonas do concelho, do país e até da vizinha Espanha.
Teremos tocadores, cantadores e grupos de música que de uma forma mais erudita ou mais tradicional demonstrarão as sonoridades deste género musical. Estarão presentes investigadores; formadores e construtores que apresentarão as técnicas e a construção de alguns instrumentos musicais, através dos workshops. Documentaristas e outras personalidades ligadas ao cinema responsabilizar-se-ão pelos debates em torno de documentários sobre o tema e animadores dinamizarão as várias actividades de rua."

in Raízes Do Som

Aqui fica o programa, é pena que sejam só estes eventos a mexer nesta cidade, a trazer um pouco de cultura a esta cidade que já nem sabe o que isso significa. Ainda se lembram do que significava ViváRua? Ou Fabrica da Musica? Ou Feira de S. João com alguma qualidade de espectáculos? Acho que se lembram e suspeito que tanto como eu tanham saudades de alguma cultura a entrar pelas vossas mentes adentro. Bem hajam o CENDREV, a SOIR, a Harmonia e outos tantos mais. Bem hajam os que com muito esforço têm tentado trazer a esta cidade um pouco de EDUCAÇÃO CULTURAL embora sejam a todo o momento bombardeados com ataques da parte da Camara Municipal de Évora, como a falta de verbas e apoios e como espectaculos que só fazem a cidade perder (Tony Carreira, Marco Paulo, etc...). Bem hajam, poque se mantêm de pedra e cal pela qualidade desta nossa cidade tão querida. Esta cidade que conseguiram estragar quase por completo em apenas quatro anos de mandato!

Finalmente, A Verdade!

Este e-mail dá voz aquilo que penso e afirma o que tenho vindo a dizer durante a ultima semana. Censurem-me se quiserem porque o que penso, pensá-lo-ei sempre.

"A morte de JP2 relembra a dor e sofrimento que atingiu a URSS quando o pai da Pátria, José Stalin, exalou o último suspiro e recorda o histerismo demente que rodeou a morte do ayatola Khomeini em todo o mundo árabe, particularmente no Irão. Em comparação, a morte de Salazar foi chorada de forma contida, mas os déspotas produzem emoções mais fortes do que os democratas.

O absolutismo papal, restaurado com o apoio entusiástico do Opus Dei, da Comunhão e Libertação e de outros movimentos integristas, fez de JP2 o Papa da «Contra-Reforma», antimodernista, infalível e retrógrado, que substituiu os anacrónicos autos de fé pela comunicação social e pela diplomacia.

O Papa da Paz, como os sequazes o alcunharam, apoiou a Eslovénia e a Croácia(maioritariamente católicas) e a Bósnia e o Kosovo, nações muçulmanas, contra a Sérvia cuja obediência à Igreja Ortodoxa constituía um entrave ao proselitismo papal que tem nos ortodoxos a principal barreira ao avanço do catolicismo para leste.
A protecção aos padres que participaram activamente no genocídio no Ruanda é mais um desmentido do boato sobre o alegado espírito de paz e justiça que o animava.

A intervenção de JP2 a favor da libertação de Pinochet, quando foi detido em Londres, é coerente com a beatificação de Pio IX, do cardeal Schuster, apoiante de Mussolini e do arcebispo pró-nazi Stepinac. O auge da ignomínia foi a meteórica canonização do admirador de Franco e fundador do Opus Dei, Josemaria Escrivá de Balaguer.

JP2, ele próprio profundamente supersticioso e obscurantista, chega a ser obsceno na forma como inventou milagres para 448 santos e 1338 beatos cujos emolumentos contribuíram para o equilíbrio financeiro da Santa Sé e para o delírio místico dos fiéis fanatizados. Da prática do exorcismo à exploração de indulgências, da recuperação dos anjos à aceitação dos estigmas como sinal divino (canonizou o padre Pio), tudo lhe serviu para alimentar uma fé de sabor medieval e uma moral de conteúdo reaccionário.

O horror que nutria pela contracepção, o aborto, a homossexualidade e o divórcio são do domínio da psicanálise. O planeamento familiar era para o déspota medieval um crime. A SIDA era considerada um castigo do seu Deus e, por isso, combateu o preservativo, tendo o Vaticano recorrido à mentira, afirmando que era poroso ao vírus (2003). O carácter misógino, o horror à emancipação da mulher, a crença no seu carácter impuro, foram compensados pelo culto doentio da Virgem, recuperado da tradição tridentina.

Como propagandista da fé, pressionou Estados, condicionou a política de numerosos países, ingeriu-se nos assuntos relativos ao aborto, à eutanásia e ao divórcio e acirrou populações contra governos democraticamente eleitos. Apoiou comandos anti-aborto, estimulou a desobediência cívica em nome dos preconceitos da ICAR, influenciou a redacção da Constituição Europeia, e chegou ao despautério de pedir aos advogados católicos que alegassem objecção de consciência e se negassem a patrocinar o divórcio.

O Papa da Paz condenou a atribuição do prémio Nobel da Literatura a José Saramago; envidou todos os esforços para obter o Nobel da Paz para si próprio, que justamente lhe foi negado; excomungou o teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya por ter posto em causa a virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; perseguiu ou reduziu ao silêncio Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli e Jacques Gaillot; marginalizou Hélder da Câmara e Oscar Romero; combateu o comunismo e pactuou com as ditaduras fascistas. João Paulo II morreu uns dias depois de o Vaticano ter proibido a leitura ou a compra do «Código Da Vinci» do escritor Dan Brown e sem nunca ter censurado a fatwa que condenou à morte o escritor Salmon Rushdie.

O Papa que morreu, segundo a versão oficial, no dia 02-04-2005 (soma = 13), às 21h37 (soma = 13), curiosidades «assinaladas» pelo bispo de Leiria/Fátima, não pode ser o algoz da liberdade, o déspota persecutório, o autocrata medieval, o ditador supersticioso e beato que conhecemos. É capaz de ser outro papa o que consternou chefes de Estado e de Governo, que alimentou os noticiários de todo o mundo, que rendeu biliões de ave-marias e padre-nossos, que ocupou milhões de pessoas a rezar o terço, vestígio do Rosário da Contra-Reforma, que recuperou graças ao apoio da Virgem Maria que também o promoveu nas suas aparições na Terra.

O Papa que morreu era talvez uma pessoa de bem que, modestamente, ocultou tal virtude. Foi celebrado por dignitários políticos, religiosos e outros hipócritas que, na morte, lhe enalteceram as virtudes e calaram os defeitos. Foi o cadáver que milhares de abutres aguardavam para exibir e explorar numa derradeira campanha de promoção da fé católica.

É, todavia, o mesmo Papa que anatematizou os ateus, fez inúmeras declarações contra o laicismo, silenciou teólogos, beatificou fascistas e combateu o planeamento familiar. A sua obsessão era reduzir o mundo a um casto bando de beatos, tímidos e idiotas, sempre de mãos postas e de joelhos. O livre-pensamento, a modernidade , o prazer e a liberdade foram os seus
inimigos figadais."

Carlos Esperança
in ateismo.net

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si